Bruxas da Ilha de Santa Catarina - o congresso bruxólico
Certo dia, em tempos imemoriáveis, as bruxas da Ilha de Santa Catarina decidiram fazer uma grande festa. Levaram dias organizando o evento, os "comes e bebes" e formulando a lista de convidados. O evento seria pomposo e a farra prometia ser grande. Mas havia um grande problema: um dilema logo atrapalhava o plano das anfitriãs: convidar ou não o diabo, seu líder supremo? Como é sabido, as bruxas não são conhecidas por seus valores democráticos, porém, como a situação era séria, foi necessário um pequeno concílio. Afinal, convidariam ou não o demônio para o evento?
Apesar de curta, foi conturbada a reunião, pois, embora a maioria das bruxas preferiam não convidar o satã para a festa, havia uma pequena parcela delas que - temorosas com a consequência caso viesse a descobrir - optaram por chamá-lo. Após brigas, resolveu-se o óbvio: o diabo não participaria. E as bruxas não optaram por chamá-lo graças às maldades correntes que fazia com elas, como cheirar e beijar seu rabo quente e com odor de enxofre como sinal de submissão e respeito.
Dias se passaram até que chegou a data da festa. Todos os convidados apareceram. Estavam presentes todos os personagens do imaginário ilheu: os lobisomens do Ratones, os espíritos tortos da "Luz da Bota", dos Ingleses, os fantasmas da ilha de Anhatomirim, o Boitatá do Saco Grande e, é claro, várias bruxas dos quatro cantos da região, dentre outros.
A festa - que por sinal estava uma belezura - corria bem. Todos se divertiam muito, principalmente as bruxas, que se viam livres dos grilhões pesados do chefe. Acontece que lá pelas tantas, entre raios e trovões vermelhos que cobriram a paisagem, apareceu furioso o diabo, que ficou sabendo do encontro graças à delação de uma bruxa medrosa. Estupefatos, todos fugiram, menos as bruxas, que foram petrificadas pelo demo e que podem ser vistas até hoje, adormecidas sobre as águas da Praia de Itaguaçu, na parte continental da cidade. Ao menos essas não fazem mais traquinagens com as crinas dos cavalos nem maldades às crianças da cidade. E a Ilha da Magia, que recebe esse nome não pela beleza de suas praias e morros, mas pelo folclore regional, pôde, a partir daquele acontecimento, dormir mais tranquila com tantas bruxas presas para sempre na Praia de Itaguaçu.
-----------------------------
Leia também: