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Práxis

Os filósofos limitaram-se sempre a interpretar o mundo de diversas maneiras; porém, o que importa é modificá-lo.

Práxis

Os filósofos limitaram-se sempre a interpretar o mundo de diversas maneiras; porém, o que importa é modificá-lo.

Empatia

04.01.23

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Por Dario Souza da Silva, melhor amigo e agora colaborador do Blog

Vivemos uma época em que o ego é exaltado, em que nos colocamos sempre em primeiro plano em detrimento dos outros. Queremos ser os melhores, os maiores, os abençoados, os sortudos, os escolhidos. As propagandas, as novelas, os filmes, as músicas, a mídia em geral, tratam quase sempre do "Eu". Quando usam os termos "Você pode" ou "Você é", alimentam o seu ego.

Nas redes sociais saímos distribuindo opiniões por todos os lados sobre todo e qualquer tema, inclusive sobre assuntos que conhecemos pouco ou quase nada; e partimos para o embate, discutimos, desfazemos amizades, ficamos chateados. Se algo contraria nosso pensamento, ficamos extremamente irritados!

No trânsito somos os donos da razão, todos somos os melhores motoristas do mundo, todos sabemos exatamente o que fazer e o que todos os outros deveriam estar fazendo. Temos a certeza absoluta de que todos os outros motoristas estão errados e que somente nós estamos certos e que por isso o trânsito se tornou um caos. Esbravejamos, xingamos, mostramos o dedo, negamos passagem, buzinamos, mostramos para todos nossa insatisfação.

A verdade é que estamos vivendo tempos difíceis, tempos egoístas em que o "Eu" sempre prevalece. Não aceitamos o que é diferente de nós porque não reconhecemos aquela diferença no nosso "Eu", então encaramos como uma afronta. Não por acaso o filósofo Jean-Paul Charles Aymard Sartre escreveu "O inferno são os outros", pois é nos outros que se encontra a diferença, o contraponto, a contradição.

Se existem tantos "EU's" neste mundo, e todos são donos da razão, como poderemos chegar a ter paz? Como eliminar a intolerância? Perceba que até entre grupos partidários de ideais semelhantes existem diferenças e divergências de pensamento. Estamos todos tentando ser os melhores do mundo, os que cantam melhor, os que escrevem melhor, os melhores políticos, os melhores empresários, os melhores profissionais. Estamos constantemente disputando uns com os outros, mesmo que de forma velada e inconsciente.

Existem muitas disputas sendo travadas hoje em dia para ver quem é o melhor, seja em partidos políticos, em igrejas, em famílias, em empresas, em grupos de amigos, enfim, nas mais diversas situações. Dessa disputa de Egos só surgem discórdias, conflitos, fofocas e sofrimentos. Existem muitos líderes que são verdadeiros carrascos com seus liderados. Talvez por medo de que alguém ofusque o seu brilho se o ambiente for menos inóspito, talvez por gostar de se sentir poderoso e importante, ou talvez pelo orgulho de possuir uma posição de destaque. Ou seja, pelo seu Ego ser satisfeito.

Saiba que na viagem do Ego as pessoas não estão preocupadas com você, mas sim em cumprir os seus objetivos. Entenda essa pequena parábola:

Um pássaro capturou um rato morto e saiu voando com ele na boca, imediatamente muitos pássaros vieram atrás dele com um apetite voraz. Já cansado, depois de muito voar, o pássaro acabou deixando o rato morto escapar de seu bico e ele caiu. Imediatamente os outros pássaros pararam de persegui-lo e começaram a voar em direção ao rato.

O objetivo do grupo de pássaros não era perseguir o outro pássaro, mas sim capturar o rato. Na viagem do Ego acontece da mesma forma com as pessoas. Estão focadas nos seus próprios objetivos, em conseguir capturar o seu rato. Se você estiver com um rato na mão terá a impressão de que está sendo perseguido por essa pessoa, mas na verdade ela só quer pegar o rato.

Jesus Cristo disse: "Ama o próximo como a ti mesmo".  Mas, como amar o próximo como amamos a nós mesmos? - É um mandamento complicado de se colocar em prática na época em que vivemos! Se nos deixarmos levar pelas demandas que se apresentam em nossas vidas e pelos nossos desejos, que muitas vezes estão enraizados nessas demandas, pode parecer impossível. Mas existe uma forma muito simples de se colocar este mandamento em prática, que é: nos tornarmos empáticos.

Empatia é a capacidade psicológica de se colocar no lugar do outro, de tentar entender o que o outro sentiria se agíssemos de determinada maneira, de enxergar as situações sob a perspectiva do outro. Quando praticamos a empatia nos tornamos altruístas, damos uma trégua na disputa travada entre os nossos Egos e passamos a ser mais amáveis uns com os outros, nos tornamos menos orgulhosos, ajudamos e aceitamos ajuda com maior facilidade. A empatia costuma ser contagiosa; quando você se torna empático com alguém essa pessoa faz o mesmo com você.

A empatia em alguns casos é natural. Existem pessoas que realmente se dão bem e se colocam no lugar uma da outra de forma espontânea. Porém, é possível ser empático por opção, é possível escolher entender o ponto de vista do outro, suas reações, seus valores, seus desejos ou seus medos e, a partir dai, ter suas ações de modo a respeitar os pontos de vista do outro.

É importante lembrar que jamais concordaremos com o outro em tudo, pois temos pontos de vista diferentes, temos cérebros, Egos, emoções, percepções ou ambições diferentes. Mesmo que sejamos muito parecidos, em algum ponto vamos discordar. Nesse momento a empatia se torna ainda mais importante para que não sejamos truculentos, para que nossas divergências de opiniões não gerem conflitos que poderiam ser evitados com o simples ato de se colocar no lugar o outro.

Portanto, se você quer ser amado, ame. Se quer ser elogiado, elogie. Se quer ser grande, torne-se pequeno perante o outro, permitindo que ele se sinta grande. Se quer ser importante, perceba a importância do outro, afinal, se você se isolar no seu ego, quem perceberá sua importância? Quer ser respeitado, respeite. Se quer brilhar, perceba o brilho do outro. Se quer falar, então escute.

Com esse pequeno exercício diário, notarás o óbvio: que não estás só e que sua vida sequer existiria sem a participação de outros. O que te torna parte integrante de "um todo" mais complexo e rico, parte pequena (mas não insignificante) integrante de um corpo social complexo e vivo que molda não somente o mundo a sua volta, mas igualmente os seres cá viventes.

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Bananas recheadas, acreditemos nelas

01.01.23

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Por Dario Souza da Silva

No intervalo para o lanche, após alguns minutos de fila na padaria do senhor Manoel:

– Qual é o seu sonho?
– O meu sonho? Não, meu amigo, eu comprei foi uma banana recheada.
– Nao é isso! Minha pergunta é: O que você quer?
– Eu quero tomar meu café e comer minha banana recheada em paz.
– É isso que você quer pra daqui a cinco, dez, ou vinte anos? É o que quer pra vida?
– Não, homem É o que quero para agora! Estou com fome e salivando para comer essa bananinha recheada e você vem com esses papos de sonho e de futuro. Nem sei se estarei vivo daqui a cinco minutos.
– Tá, e se eu lhe dissesse que quem não tem sonhos e não planeja o futuro passa aperto quando o futuro bate às portas?
– E se eu lhe dissesse que tenho objetivos sim, mas não deixo de aproveitar o momento mágico de saborear a minha babaninha recheada para ficar pensando em futuros imaginários que podem nem acontecer?
– Mas esse objetivo é suficiente pra fazer você levantar pela manhã e correr atrás com gana e sangue nos olhos?
– Não sei, mas esse papo tá me deixando com vontade de levantar daqui e voar no seu pescoço. Me deixe comer a minha banana recheada em paz, cacete!

É isso! Tenha sonhos, objetivos, metas, ou seja lá o nome que você dê, mas nunca deixe de saborear o presente por estar excessivamente preocupado com o que vai acontecer! Você não tem controle sobre nada além da forma como encara as coisas. Então, aproveite o presente e curta a viagem enquanto corre atrás dos seus paranauês. Vá no seu ritmo! Evolua de forma constante, mas no seu ritmo. Mesmo que pareça lento aos olhos de um desavisado qualquer, permaneça em evolução segundo o seu próprio julgamento e o daqueles que lhe são caros.

Um Feliz 2023 a todos(as)