Um mês de reflexão
A Juliana, companheira de viagem
O ano está encerrando. Praticamente entramos em dezembro. Tem sido um ano muito difícil este, bastante complicado. Mas estamos sobrevivendo e aprendendo. 2022 se vai e muitos de nós já preparam o espírito para um novo ciclo, sempre repleto de esperanças. Gosto deste momentos; sempre me remetem à infância. Tive uma infância boa! Acho que quando chegamos aos 40 acabamos, invariavelmente, "olhando para trás", sem contudo deixar de caminhar para frente, afinal a vida inicia aos 40 - ao menos para homens, que amadurecem mais tarde.
O problema é que sobreviver é chato. Muito chato e cansativo. Muito cansativo e por vezes dolorido. Precisamos viver plenamente, exteriorizar todas as nossas capacidades enquanto humanos. Todos nós! Precisamos compreender que somos um único e só corpo, uma única e tão somente matéria. Devemos sempre olhar para lado, para nossa vizinha, nosso vizinho, nossos(as) colegas e camaradas e compreender que sem eles(as) nada somos.
Quantos de nós param para refletir de onde vêm a roupa que vestimos, a comida que comemos, os celulares que utilizamos, os comboios que pegamos para irmos passear ou irmos trabalhar...? Pois é, somos incapazes de vivermos sozinhos. Aliás, viver só seria muito problemático: imagina passarmos cada minuto de nossa existência correndo atrás de alimentos, procurando lugares tranquilos para repousar, passando nossos dias limitando-nos apenas a satisfazer nossas necessidades animais mais básicas, sabendo que somos um filho de uma espécie extinta.
O ano está encerrando. Vamos aproveitar este derradeiro mês que nos resta para nos aproximarmos de nossos(as) colegas de trabalho, de nossas amizades antigas e esquecidas. É a época perfeita para isso! Que tal pensarmos mais no(a) outro(a), como se o(a) outro(a) fosse nosso(a) irmão(ã)? Afinal, é bem isso o que somos: animais de uma mesma espécie – todos filhos da mãe África. Se assim o fizermos, cresceremos todos como espécie genérica que somos.
O problema é que o mundo não se organiza assim. Se nossas sociedades fossem justas não haveriam classes sociais, nem meia dúzia de bilionários às custas de bilhões de pessoas paupérrimas. Assim, não sendo possível ganharmos todos, que lutemos para que a maioria explorada vença e acabe com o tormento que nós mesmos criamos. O mundo tem jeito e a solução está a nosso alcance. Uma pessoa não nasceu para sofrer, não precisa sofrer.
O sofrimento apenas nos enfraquece enquanto humanidade, nos desestrutura enquanto sociedade. Pessoas tristes criam uma falsa serenidade, uma falsa carapaça de força. Pessoas tristes se contaminam, contaminam a todos. Assim como a pobreza, a miséria, a violência. Precisamos parar. Precisamos refletir! E nos organizarmos em um laço de camaradagem! E lutar, os "de baixo", para que recuperemos aquilo que nos é tirado todos os dias. Precisamos compreender que toda a riqueza gerada no mundo é produzida por nós, trabalhadores, e que não é correto que se apropriem dessa riqueza meia dúzia de parasitas. Reflitamos e nos organizemos! Porque, se não o fizermos, estaremos fadados à barbárie e ao afastamento de nós mesmos enquanto espécie. Vos saúdo com um brinde à dignidade, à unidade, à luta e à equidade de valores entre as pessoas. Um brinde!