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Práxis

Os filósofos limitaram-se sempre a interpretar o mundo de diversas maneiras; porém, o que importa é modificá-lo.

Práxis

Os filósofos limitaram-se sempre a interpretar o mundo de diversas maneiras; porém, o que importa é modificá-lo.

O mundo "nas mãos" de poucos: a pobreza escancarada em um capitalismo cada vez mais decadente

28.01.20

Contrastes - Uğur Gallen

 

A crise consiste precisamente no fato de que o velho está morrendo e o novo ainda não pode nascer. Neste interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparece.

Antonio Gramsci

 

 

Ela virá, a revolução conquistará a todos o direito não somente ao pão, mas também à poesia.

Liev Davidovich Bronstein

 

O mais recente relatório sobre desigualdade elaborado pela ONG britânica Oxfam, denominado “Tempo de Cuidar” – "Time to Care" – foi publicado neste dia 20 e atesta algo alarmante: a explosão da desigualdade nos últimos anos. Segundo o levantamento, divulgado tradicionalmente próximo à reunião do Fórum Econômico de Davos, 2.153 bilionários detém uma riqueza superior à de 4,6 bilhões de pessoas, ou seja, mais da metade da população do globo juntas possuem uma riqueza inferior a um pouco mais que duas mil pessoas privilegiadas.

O mesmo relatório deflagra outras contradições gravíssimas, como a de 1% da parcela mais rica do mundo ter acumulado mais que o dobro da riqueza de 6,9 bilhões de pessoas. Esses números são exorbitantes e se tornam ainda mais escandalosos na medida em que, a partir do mesmo relatório, comprovam que a quantidade de bilionários no mundo dobrou na última década. Ou seja, a partir da crise capitalista de 2008, onde milhões e milhões de pessoas foram jogadas na miséria e outras tantas milhões se instalaram abaixo dessa própria linha, um punhado de pessoas – basicamente por meio de especulações em bolhas financeiras – se tornaram bilionárias.

Nesse cenário, a diferença entre homens e mulheres confere contornos dramáticos ao já profundo abismo que separa ricos e pobres. Os 22 homens mais ricos do mundo têm uma riqueza superior à de todas as mulheres na África. Segundo a ONG, o trabalho feminino não pago (a partir dos 15 anos) representa 12,5 bilhões de horas diariamente que, caso remuneradas, acrescentariam 10,8 trilhões de dólares à economia mundial, três vezes mais que a indústria.

Para se visualizar o problema, suponhamos que uma pessoa trabalhe durante cinquenta anos ininterruptos e que receba um vencimento diário de $ 50.000,00 (cinquenta mil dólares), não gaste um único centavo desse ordenado e aplique o dinheiro a um rendimento de poupança (4% ao ano); ao fim desse período, essa pessoa, ainda assim, não acumularia a fortuna de 1 bilhão de dólares. Longe disso! Um outro exemplo, para ilustrar ainda mais o caso: se fosse possível uma pessoa juntar 10 mil dólares por dia desde o período reconhecido como o da construção das pirâmides do Egito (cerca de 3 mil anos atrás), ainda assim teria hoje apenas 1/50 da fortuna média dos 5 maiores bilionários do mundo.

Vê-se logo que essas pessoas não trabalharam para adquirir estas fortunas. Pelo contrário! Historicamente, estamos falando de uma classe que explora, espolia e age na economia como um agiota. Sim, um bilionário alcança este status às custas da falência e do empobrecimento de outros. Um bilionário não adquiriu sua fortuna com o seu o trabalho, mas explorou outras pessoas que trabalharam para ele. Portanto, se a lógica de que trabalhar engrandece a alma e o homem, certamente é justa a reflexão de que o trabalho não o enriquece.

Paralelamente a este quadro, quase a metade da população mundial sobrevive com 5,5 dólares diários ou ainda menos. Situação que vem se agravando por conta da crise global e pela necessidade orgânica dos capitalistas em manterem suas taxas de lucro. É neste cenário que se desenrola o aprofundamento da lógica neoliberal, que corta políticas sociais, que desmonta os serviços públicos, que cria uma complexa política tributária que privilegia os grandes monopólios e favorece a uma pequeníssima elite financeira, e que espolia a riqueza dos países periféricos por meio do mecanismo da dívida pública e das privatizações. Estes fatores apenas agravam esta situação.

É um fato: a desigualdade econômica está fora de controle. E esta é uma conclusão tirada não à esmo, a partir da divulgação fria destes números, mas é uma consequência de estudos históricos – dos quais esta ONG é apenas uma das protagonistas – em que se demonstram o seu aprofundamento e não o seu inverso. Essa é a conclusão tirada não somente por veículos não governamentais, como a Oxfam, ou de classe, mas igualmente pelos principais tabloides financeiros da burguesia mundial, como o Financial Times, que em artigo publicado em novembro do ano passado (2019), questiona “Why capitalism needs to be reset in 2020”, ressaltando estes e outros fatores.

O jornal francês Le Monde, outro periódico econômico burguês de grande prestígio, estampou, em 24/01/2020, a seguinte manchete: « Le capitalisme n’est pas mort, bien sûr, mais il a de sérieux problèmes » : à Davos, des inquiétudes et des promesses (“O capitalismo não está morto, é claro, mas tem sérios problemas”: em Davos, inquietudes e promessas), no qual afirma (tradução na sequência):

Cette obsession que nous avons de maximiser les profits pour les actionnaires a conduit à d’incroyables inégalités et à une urgence planétaire. (Esta obsessão que temos em maximizar os lucros para os acionistas levou a uma desigualdade incrível e a uma urgência planetária.)

Les citoyens soutenaient le capitalisme tant qu’il offrait des opportunités de créer du capital pour eux et pour leurs enfants. Ce n’est plus possible désormais, commente de son côté le politologue américain Ian Bremmer, avant de poursuivre : Le capitalisme n’est pas mort, bien sûr, mais il a de sérieux problèmes. (“Os cidadãos apoiavam o capitalismo desde que oferecesse oportunidades para criar capital para si e para seus filhos. Isto não é mais possível, lamentavelmente”, afirmou o analista político estadunidense Ian Bremmer, antes de continuar: “O capitalismo não está morto, é claro, mas tem sérios problemas.”)

Outro tabloide reconhecido que expôs o problema mais diretamente e de maneira ainda mais direta e crua foi o espanhol El Pais. Com a manchete “Como medir de forma más justa la economía”, o artigo publicado em 26/01/2020 assim inicia:

Un mundo nuevo emerge inexorable. Mientras el viejo se resiste a desaparecer. La idea del crecimiento a toda costa que caracteriza el modelo económico actual se está poniendo en entredicho tanto por la comunidad científica, como por los organismos multilaterales y algunos Gobiernos. La Gran Recesión dejó tras de sí un reguero de desigualdad que el aumento de la actividad productiva posterior no ha sido capaz de eliminar; el calentamiento global agrieta el planeta construyendo un futuro cada vez más preocupante para las nuevas generaciones, mientras la tecnología que permite minimizar estos dos lastres ya está operativa aunque probablemente su impacto no está llegando todo lo lejos que debiera ni se sabe cuantificar con precisión. Los ciudadanos se quejan. Aumentan las revueltas, los conflictos, el descontento. Y los partidos populistas se hacen fuertes en unas sociedades cansadas de que sus Gobiernos pongan la economía como el fiel de la balanza en vez de su bienestar. Cansadas de que siempre ganen los mismos.1

Até mesmo a Forbes vem discutindo o assunto, embora, como é de se esperar, com outro tom. Em seu site oficial, a revista – em sua seção africana – acusa não o capitalismo pelas crises cíclicas e pelo aumento exponencial e gradual da miséria, contrapondo ao crescimento exponencial, na mesma medida, do número de bilionários no planeta; acusa sim a ingerência dos governos. Desconhece a crise global e, com uma hipocrisia incrível e uma desonestidade intelectual descomunal, desonera de responsabilidades de todas as crises as grandes corporações e as políticas neoliberais, que têm levado à miséria extrema de mais da metade da população mundial, bem como à destruição do planeta, para satisfazer a sanha de lucros da burguesia. Ei-la:

Rien n’est moins vrai. N’en déplaise aux intellectuels bilieux, le problème tient en réalité aux politiques désastreuses menées par le gouvernement et, pire, à une profonde méconnaissance de l’économie de marché. Il est temps de remettre les pendules à l’heure. (Nada é menos verdadeiro. Sem ofender os intelectuais biliosos, o problema é, na realidade, devido às políticas desastrosas realizadas pelo governo e, pior, a uma profunda ignorância da economia de mercado. É hora de acertar as contas.).

Vemos aqui alguns exemplos de como a matéria vem sendo tratada por alguns setores da burguesia. É certo que a perspectiva analítica destes periódicos é burguesa. Suas análises políticas, quando muito, recaem no reformismo, na necessidade urgente de se reformar o capitalismo no intuito de se reduzir estes abismos sociais, como o citado El país. Este periódico chega a ressaltar a necessidade de se reformular a leitura econômica, hoje baseada no crescimento a partir dos PIBs nacionais, competitiva e destrutiva, para uma perspectiva analítica mais socioambiental. Porém, dentre as inúmeras lições que Marx e Engels nos deram n’O Capital, por exemplo, é que o capitalismo é indomável, é incontrolável, e que, portanto, qualquer capacidade de reformá-lo será em vão.

Ademais, é reconhecida a capacidade que tem o capitalismo de jogar para as suas periferias os efeitos mais graves de suas correntes crises. Isso não é novidade e vários estudos, a começar pelo próprio O Capital, apontam como esse processo é feito. No entanto, aludindo a Hegel, o acúmulo de contradições quantitativas sobre um objeto gera uma contradição qualitativa, tornando, após estas inúmeras contradições, o antigo objeto algo completamente diferente do que era. Ou seja, cabe-nos agora saber como o acúmulo de contradições já enormes e históricas do capitalismo serão resolvidas, ainda mais que a elas foram acrescidas outras de caráter econômico, energético, ambiental, social, migratório, racial, de valores burgueses e políticos.

Sim, o capitalismo está em crise. E esta é grave, acentuada. A despeito de seus picos cíclicos, em seu bojo arrasta uma situação de miséria irrecuperável, onde não somente se polarizam e se agudizam a luta entre as suas duas classes fundamentais. Dela advém também o surgimento de novas contradições e o aprofundamento de outras tantas. A desigualdade cada vez mais crescente, a perda de direitos oriundas do mesmo fenômeno que provoca essa desigualdade, o aumento da miséria global, da violência urbana, das condições cada vez mais insalubres de sobrevivência da classe trabalhadora mundial, da poluição geral e o consumo cada vez mais voraz dos recursos naturais seguido de uma destruição massiva de espécies animais e vegetais em prol das grandes corporações e do lucro infindável, não só desnuda o caráter destrutivo do capitalismo, como mostra sua incapacidade de manutenção equilibrada. Superá-lo não se tornou apenas uma reparação histórica, de direito, mas uma questão de necessidade e de sobrevivência.

A máxima de Rosa Luxemburgo, Socialismo ou Barbárie, é ainda atual. Aliás, está mais atual que nunca. E se antes a barbárie não era vislumbrada por muitos, hoje não há quem a não sinta. Se o monstro era outrora horripilante, está agora irrecuperável, irreconhecível. Grande de fato. Porém, como dizia Friedrich Nietzsche, “Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro”. Em suma, de dentro da barriga da besta não conseguiremos destruí-la. Pelo contrário: seremos consumidos por ela. Ao capitalismo não cabe reformá-lo, ou, como diz o Financial Times, redefini-lo; é preciso aniquilá-lo pela raiz, antes que a nós, humanos, ele nos destrua.

O esgotamento do modelo neoliberal, descortinado e já reconhecido, em certa medida, por muitos dos periódicos burgueses, apenas deixa claro a necessidade da construção de uma saída socialista e revolucionária para uma crise sem volta e que cada vez mais aprofundará a miséria social. Lutemos por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres. E que sonhemos, mas com a condição de crer em nosso sonho, de observar com atenção a vida real, de confrontar a observação com nosso sonho, de realizar escrupulosamente nossas fantasias. E então venceremos!! Cedo ou tarde! RUMO AO SOCIALISMO!!

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1 Um novo mundo surge inexoravelmente. Enquanto o velho resiste a desaparecer. A ideia de crescimento a todo custo que caracteriza o atual modelo econômico está sendo questionada tanto pela comunidade científica quanto por organizações multilaterais e alguns governos. A Grande Recessão deixou para trás um rastro de desigualdade que o aumento da atividade produtiva subsequente não conseguiu eliminar; o aquecimento global racha o planeta, construindo um futuro cada vez mais preocupante para as novas gerações, enquanto a tecnologia que minimiza esses dois reatores já está ativa, embora seu impacto provavelmente não esteja chegando tão longe quanto deveria, nem é possível quantificar com precisão. Os cidadãos reclamam. Aumentam as revoltas, os conflitos, o descontentamento. E os partidos populistas se fortalecem nas sociedades cansadas de seus governos colocarem a economia como fiel da balança, em vez de seu bem-estar. Cansadas de sempre ganharem os mesmos.

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Referências:

AMEAÇA COMUNISTA. In: https://praxis.blogs.sapo.pt/ameaca-comunista-25478;

Como medir de forma más justa la economía. In: https://elpais.com/economia/2020/01/24/actualidad/1579870950_561660.html;

Explosão da Desigualdade: 1% concentra riqueza duas vezes maior que 7 bilhões de pessoas juntas. In: https://www.pstu.org.br/explosao-da-desigualdade-1-tem-riqueza-superior-a-de-7-bilhoes-de-pessoas/;

Le capitalisme n'est pas mort... In: https://www.lemonde.fr/economie/article/2020/01/24/a-davos-le-gotha-des-entreprises-promet-un-nouveau-capitalisme_6027079_3234.html;

Non, le capitalisme n'est pas mort. In: https://forbesafrique.com/non-le-capitalisme-nest-pas-mort/;

O que é crise econômica. In: https://www.pstu.org.br/o-que-e-crise-economica/;

O que é dívida pública e como ela funciona. In: https://praxis.blogs.sapo.pt/o-que-e-a-divida-publica-e-como-ela-22233;

Pra que serve um bilionário?. In: https://www.youtube.com/watch?v=f50GsBvU_bY;

Time to care: unpaid and underpaid care work and the global inequality crisis. In: https://oxfamilibrary.openrepository.com/bitstream/handle/10546/620928/bp-time-to-care-inequality-200120-en.pdf;

Why capitalisme needs to be reset in 2020. In: https://www.ft.com/video/0dae2a4a-8c5c-4718-a540-b1fefae10dc4?playlist-name=editors-picks&playlist-offset=0.

MATERIAIS ACESSOS DURANTE A SEMANA ANTERIOR À POSTAGEM DO ARTIGO.

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Leia também:

Duas faces de uma única moeda: "DOIS PAPAS" e a crise da igreja católica

12.01.20

Habitarei com eles
e entre eles andarei;
serei o seu Deus
e eles serão o meu povo.
2 CORÍNTIOS: 6:16

O novo filme do diretor brasileiro Fernando Meirelles, “Dois Papas”, mais do que abordar sobre as dissenções ou proximidades dos pontos de vistas entre Bento XVI e o seu sucessor Francisco I, defende o ponto de vista deste. A narrativa inicia a partir da morte do papa João Paulo II e com a eleição do cardeal alemão Joseph Ratzinger como papa Bento XVI, que permaneceu como tal de abril de 2005 a fevereiro de 2013, até que se viu forçado a renunciar.

À frente da igreja católica praticamente desde a renúncia de Bento XVI, Jorge Mario Bergoglio (o papa Francisco I) assume a “cadeira de São Pedro” para reinstaurar a ordem da igreja após uma profunda crise envolvendo o vazamento de documentos secretos do Vaticano. Este episódio conhecido como Vatileaks expôs apenas uma das várias facetas torpes da igreja: a corrupção.

E é este o “pano de fundo” a partir do qual se desenvolve a trama: a crise da igreja católica. Porém, é bom que se avise que Meirelles não aborda os problemas da igreja em si. Pelo contrário! Sua leitura é mais idealista: a crise instaurada serve como argumento para explicar e justificar a crise de espiritualidade de Bento XVI.

A despeito da sobreposição de cenas e imagens extraídas dos veículos de comunicação oficiais, utilizadas com o intuito de potencializar e fortalecer os traços da realidade e convencer o espectador de sua “tese fictícia”, não é possível de se afirmar que o filme se baseie em fatos reais, como sugere o diretor. Meirelles elabora uma trama calcada nos diálogos entre os dois personagens, o Ratzinger papa e o Bergoglio cardeal, conversas estas que nunca ocorreram, no que pese a afirmação do diretor em que os diálogos “bebem de discursos, entrevistas e escritos (dos dois papas)… em algum momento de suas vidas”.

Assim como a conversa, seu conteúdo é ainda mais especulativo. Na narrativa construída no filme, ambos se encontram para discutir suas divergências em relação à fé cristã. E apesar das concepções diferentes neste campo na contemporaneidade, que realmente parecem ficar claras no diálogo (como a relação da igreja com os fiéis e os pobres, o celibato, a homossexualidade...), a visão de mundo de ambos parecem convergir a uma concepção idêntica da realidade, expressa no filme na concepção comum que ambos têm sobre a espiritualidade e a missão divina.

Embora não concorde com as ideias de Jorge Bergoglio, pouco a pouco Joseph Ratzinger cede às necessidades de mudança de paradigmas da igreja católica defendida por aquele como única saída para “dialogar” com um mundo em transformação. Confissões, perdões e reconciliações de ambos os lados fecham um início tenso e termina com o entendimento mútuo do papel divino que Bergoglio pode cumprir a frente da Igreja. De fato, para o diretor – dialogando diretamente com o que há de mais caro na ideologia cristã: o perdão – não importam as palavras, tampouco o conteúdo daquilo que foi dito. A intenção sincera do arrependimento, confessando seus pecados (de preferência a uma autoridade eleita por deus para representá-lo) é mais importante.

Assim, pouco ou nada importam os crimes cometidos por Joseph Ratzinger*, como os casos de abuso de pedofilia1 frequentemente acobertados pelo estado cristão, a partir dos quais – no filme – inicia sua confissão. Não importam a venda ilegal de audiências, os subornos, a corrupção e o favoritismo de grupos políticos no interior da igreja, tudo vazado pelo seu mordomo. Não importa a história da igreja, a inquisição (da qual Bento XVI faz parte) e que tanto mal fez para a Europa. A única coisa de fato importante é o arrependimento, que leva ao perdão, como descrito, por exemplo, em 1 João 1:9: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.”

Curiosamente, contudo, ao se confessar ao futuro papa Francisco I, o áudio reduz gradativamente até ficar inaudível, perdurando o silêncio até o final de sua exposição. Esse arquivamento, esmaecimento da história não ocorre no momento da fala do companheiro cardeal Bergoglio. Seu passado é resgatado e explicado minuciosamente. Forma-se uma espécie de tribunal santo onde o futuro papa responde a todas as acusações realizadas (e já comprovadas) contra ele, como aquelas em que as Mães da Praça de Maio e o Centro de Estudios Legales y Sociales fizeram referentes a sua relação espúria com a ditadura argentina (1976-1983), a mais sanguinária de toda a América Latina, dentre outras. Mas se Meirelles, neste ínterim, não esconde as cobranças que a própria comunidade civil argentina fazia à época a Bergoglio, na condição de superior da Congregação Jesuíta, pressionando-o para que fizesse o que jamais fez: se posicionar contrário à ditadura, esqueceu-se de informar que se apropriou deste mesmo silêncio quando a ditadura de Videla perseguiu, prendeu, torturou e assassinou seus opositores políticos, ou quando negou o conhecimento sobre o sequestro de bebês praticados por militares, o que se provou à posteriori um sofisma. 

O pecado da mentira foi apenas um dos tantos cometidos pelo futuro papa. E o diálogo, mais do que mostrar todas essas contradições, apregoa a ele um significado mais filosófico: o do perdão por meio da confissão. Após ter se confessado, se arrependido e ter aprendido a perdoar a si próprio, poderia ser absolvido pelo representante máximo da igreja e - portanto - de deus, o papa Bento XVI. Uma nova porta se abria por meio da reconciliação com o divino e com a purificação de sua alma: Bergoglio estava pronto para sair de cena, dando espaço ao papa Francisco I.

À parte dessas questões, que sinceramente não as julgo de todo ruins, já que indiretamente desnudam as contradições políticas no interior da igreja, o filme é magnífico. Os detalhes e as sutilezas políticas da instituição mais antiga do mundo são descritas e exploradas com uma técnica narrativa incrível. A atuação marcante de Anthony Hopkins como Bento XVI, assim como a perfeição de Jonathan Pryce no papel de Bergoglio são o ponto alto da obra.

Graças às polêmicas geradas, não recebeu o apoio do estado do Vaticano (sim, Vaticano é um estado teocrático, absolutista e feudal com um programa de poder). Porém, à margem desse fato, “Dois Papas” concorre ao Globo de Ouro nas categoria melhor filme de drama, melhor roteiro, melhor ator de filme de drama e melhor ator coadjuvante; assim como também se configura como um forte candidato ao Oscar 2020 de melhor filme e melhor diretor. Na minha modestíssima opinião, ao compará-lo com o seu grande concorrente neste ano, o filme “Coringa”, merece as estatuetas.

Ainda que no páreo para o Oscar deste ano, o que seria um feito inédito para um diretor brasileiro, não podemos deixar de apontar a compreensão idealista e romantizada sobre o tema. Para Fernando Meirelles (diretor de outras joias do cinema, como “Cidade de Deus” e “Ensaio sobre a cegueira”), a ascensão de Berglogio à cadeira máxima da igreja nada tem a ver com questões políticas vinculadas ao mundo material e concreto, ou seja, à realidade objetiva. O mundo está em chamas e a Igreja em crise; a necessidade de um papa que tenha uma capacidade de realocar a igreja rapidamente neste processo de ebulição e de mudanças, onde revoluções e contrarrevoluções são cada vez mais frenquentes, era imperiosa. Não à toa a escolha de um papa mais carismático e latino-americano  continente onde, por inúmeros fatores, essa crise é mais sentida   como o Francisco I para fazer esse “jogo sujo”. Um papa não é o escolhido por causa de sua fé, mas por reunir as habilidades necessárias à manutenção de um projeto de poder. O catolicismo enfraquece ano a ano e o homem capaz de reinstaurar a ordem, ou ao menos iniciá-la, é o papa Francisco. Não existem santos na grande casa deus.

Para Meirelles e Anthony McCarten explica-se a crise da igreja simplesmente por sua concepção de mundo atrasada, como se as questões políticas mais prementes e que vêm levando à igreja à bancarrota planassem no mundo das ideias, desvinculadas da realidade objetiva e da falência social e política por qual passa atualmente a humanidade. Neste sentido, Jorge Bergoglio aparece, mais do que um reformador mal compreendido ou um simples líder popular e carismático; em verdade, acima das questões materiais, Bergoglio chega a ser vendido como a “voz de Deus”, um “milagre” para salvar a Igreja de sua perdição e egoísmo, interpretado desta forma até mesmo pelo personagem de Ratzinger. A desonestidade intelectual de Meirelles** e seu romantismo a respeito da figura do papa (em geral) e do papel da igreja são, de longe, os pontos fracos deste belo filme.

Entender a crise da Igreja Católica também como parte da crise geral do modo de produção capitalista é uma produção cinematográfica que ainda está por vir. Por enquanto, cabe-nos apreciar o belo diálogo entre os “Dois Papas” e torcer – para aqueles que gostam – pelo inédito Oscar.

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1 O caso mais conhecido nesse processo é do padre mexicano Marcial Maciel Degollado, descrito como bígamo, pedófilo e viciado em drogas, que teria tido seus crimes encobertos por se tornar um amigo próximo do então papa João Paulo II. A respeito deste crimes, cometidos nos Estados Unidos, Ratzinger teria em suas mãos provas contundentes na época, mas as omitiu. Quando se tornou Papa, ele teria toda a autoridade para puni-lo, mas preferiu sugerir apenas que Maciel se aposentasse. Um bom resumo de suas relações com a igreja, o poder e seus escândalos de pedofilia e corrupção  encontra-se neste link: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/12/31/internacional/1546256111_595163.html

* A respeito deste tema, é importante salientar o passado de Ratzinger como militante da juventude hitlerista. Em sua autobiografia, Bento XVI a confirma, mas se exime de responsabilidades, pois, segundo acusa, foi obrigado, como todos os jovens do seu tempo, a se alistar no exército nazista alemão.

** Em entrevista, Meirelles afirmou que Francisco I, sem querer (isso mesmo, disse sem querer), foi responsável pela prisão e tortura de alguns religiosos, como os jesuítas Orlando Yorio e Francisco Jalics. Sem contar as mortes, que jamais as condenou. Acontece que ninguém é capaz de cometer atos invonluntários seguidos por anos a fio. Na narrativa do filme, as relações do papa com os militares ocorreram para salvar vidas e nada tinha a ver com um projeto de poder da igreja católica na Argentina. Por isso Meirelles retrata um cardeal penitente e receoso com o seu passado. Nada que uma boa confissão não resolva.

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Terrabolistas do mundo todo, uni-vos!*

09.01.20

"Morte da filósfa Hipácia, em Alexandria". Hipátia foi a curadora da biblioteca de Alexandria, a maior filósofa e astrônoma da cidade. Foi assassinada por fanáticos cristãos em praça pública. Hipátia foi arrancada de sua carruagem, despida e teve as suas carnes arrancadas com conchas e jogadas, ainda pulsantes, em uma pira de fogo. Foto: Wikipedia

 

Meu plano de trabalho, quando comecei a escrever essas notas era, de maneira simples, desenvolver algumas das principais ideias da Física Moderna e Contemporânea, trazendo para um público não especializado ideias-chave para a compreensão do mundo em que vivemos. O plano era construir uma breve evolução das ideias, mostrando a historicidade e os debates envolvidos. Mostrar a Ciência como uma atividade humana, um patrimônio coletivo da humanidade.

No entanto, esse plano teve que sofrer uma breve interrupção por causa dos ataques que a Ciência tem sofrido da parte de setores obscurantistas ligados à nova direita, cuja máxima expressão “teórica” é o embusteiro astrólogo Olavo de Carvalho. Entre outros disparates, esse senhor afirma que não há provas de que a Terra gira em torno do Sol, que a Relatividade de Einstein é uma mentira, que a Física Moderna não faz sentido, que cigarro faz bem, que combustível fóssil é “o cu da sua mãe”, entre outras reflexões profundas… A cereja do bolo é a sua defesa do terraplanismo, também endossada pelo novo presidente da Funarte.

Sim, tudo isso é desesperador. Por isso mesmo, ao contrário de tentar aqui explicar o óbvio, vou buscar fazer algo diferente. Vou fazer um esforço para tentar compreender os mecanismos que levam pessoas supostamente racionais a enlouquecerem na defesa apaixonada de ideias tão primárias, algumas das quais já foram superadas há milênios… ou seja, vou tentar falar de Psicologia, e não de Física.

É óbvio, em primeiro lugar, que se constata um enorme fracasso do sistema educacional. Dificuldade de compreensão de textos, de elaboração de um raciocínio lógico, de escuta… O sistema educacional (mesmo das melhores escolas particulares) deixa muito, muito mesmo, a desejar. O ensino de Física, salvo raras exceções, não leva minimamente à compreensão de fatos elementares da natureza. Quantas pessoas aprovadas com notas altíssimas no Enem são capazes de explicar as fases da Lua, as marés, as estações do ano? Quantas pessoas tem noção de como se mede o raio da Terra, a que distância está a Lua, como o Sol gera calor? São perguntas absurdas? Estão descoladas da realidade? Vamos a outras: como um ar condicionado ou uma geladeira produzem resfriamento? Como uma lâmpada emite luz? Por que o líquido sobe pelo canudinho? Por que um carro tem caixa de marchas? Como funciona a antena da TV/celular? Como funciona um relógio? Como “pesar” a Terra? E a Lua? E o Sol? E um átomo? Por que o céu é azul? Por que uma pipa voa? Como um avião voa? Por que o detergente funciona? Como explicar o arco-íris? Qual a idade do Universo, seu tamanho, sua temperatura, sua composição?

Tenho a triste impressão de que grande parte de meus leitores não discutiram nenhum desses assuntos em sua formação escolar. Talvez nem se lembrem de terem se perguntado sobre muitas dessas coisas. Esse é um grande efeito da educação formal que vivemos: calar a curiosidade. Espero também que minhas leitoras e leitores considerem que essas são questões interessantes e relevantes. E, pensando um pouco mais, se perguntem por que raios não estudaram isso na escola.

Não é um debate novo. A educação tem que partir do concreto, da realidade. Dialogar com os saberes prévios e expandi-los, dar autonomia, fazer diferença na vida dos estudantes, fazer sentido!

Embora todas essas questões estejam presentes nos manuais de formação pedagógicos, não estão. na prática, no dia-a-dia das escolas. Então, o primeiro elemento a se levar em conta é essa enorme falha do sistema escolar. As pessoas concluem sua educação formal com lacunas gigantescas. Grande parte daquilo a partir do qual o/a estudante é avaliado não faz sentido para ela/ele, nunca foi de fato compreendido e será prontamente esquecido na próxima esquina.

Assim, é verdade que o aluno não tem a menor ideia de porque a Terra gira em torno do Sol, por exemplo. Apenas ouviu isso e se acostumou com a ideia. O mesmo com a forma da Terra. Talvez ele tenha achado esquisito aquela coisa de que “para baixo” varia de lugar para lugar. Ache estranho que na China as pessoas vivam “de cabeça para baixo” e não “caiam”, mas também não se preocupa muito com isso. Deu pra passar nessa prova, tá bom. Como esse conteúdo nunca fez sentido para ele, apenas houve uma reprodução decorada (ou colada) na prova e pronto. Ou nem isso. Se fosse ensinada outra coisa completamente oposta, ele também aceitaria. Faria o mesmo sentido para ele. Ou seja, nenhum.

Imagine outro exemplo: todas e todos aprenderam como fazer uma divisão na escola. Possivelmente alguns já esqueceram, mas vamos supor que não. Você, que sabe dividir, por que esse método de divisão funciona? Sabe por que faz o que faz com as vírgulas? Tem alguma ideia da lógica por trás disso? Provavelmente não, correto? É exatamente disso que estou falando…

Assim, se em algum momento no futuro, essa pessoa que recebeu essa educação fragmentada e carente de significados para ela, for apresentada a uma “teoria” que, do ponto de vista científico, tem mais furos que uma peneira, esse ex-aluno não verá esses problemas porque, afinal, nunca viu sentido em nada que “aprendeu” na escola. Por isso, não adiantará retrucar essa pessoa apelando a argumentos que você acha óbvios, tipo, “mas e a gravidade?”. Você receberá uma resposta do tipo “a gravidade não existe”, sem hesitação. O sistema que essa pessoa desenvolveu, por mais absurdo que seja, faz sentido para ela, e ela rejeitará sumariamente qualquer argumentação baseada em um outro sistema que ela não entende e não aceita. O que ela defende faz sentido para ela, e isso lhe basta. Ela só quer ficar segura que não vai cair da Terra, não está preocupada com uma série de outras questões que invalidam completamente o seu sistema de ideias. Não adianta falar sobre quais são os protocolos para testar uma teoria (ou sua falsidade). Tudo que contrariar seu modo de pensar será falso. Tudo que o reforçar será, por outro lado, verdadeiro.

 

O indiscreto charme das teorias da conspiração

Além disso, é importante pesar dois outros elementos. Um é o efeito de “câmara de eco”. Essas pessoas vivem imersas em um ambiente (principalmente virtual), onde todos falam as mesmas coisas, e realimentam suas crenças mutuamente. Nesse ambiente, ela só tem acesso a um viés de informação, e quando defende as mesmas ideias da bolha em que está, é estimulada, compartilhada. A pessoa se sente prestigiada, inteligente, popular. Se fora daquele espaço ninguém lhe dá atenção, ali ela é importante, é uma do grupo.

O outro ponto é que como se tratam de ideias que vão contra o conhecimento amplamente disseminado, a pessoa ganha o bônus de se sentir mais esperta do que os outros, “de estar fora da matrix”, de não ser doutrinada/manipulada etc. A pessoa pensa, satisfeita: “eu não estava errada quando não entendia porque os chineses não caíam da Terra! Meu professor quis me enganar, mas eu já desconfiava!”. E aí, olha só, a pessoa também descobre que não precisa parar de fumar! Pelo contrário, ela descobriu que existe um grande complô contra o seu prazer, pois cigarros fazem bem! A pessoa se sente confortável, poderosa, muito sábia. Ela não é mais uma fracassada, é uma rebelde!

Assim, quem tenta mostrar outro ponto de vista é um doutrinado, ou pior, um doutrinador! Todos são inimigas da verdade: as universidades, a imprensa, os cientistas, os comunistas da NASA… Ela percebe disso. Ela se sente a encarnação de Neo, Trinity e Morpheus numa pessoa só! Assim, não existe possibilidade de discussão. Entenda, você é o agente Smith! Os únicos confiáveis são aqueles do seu pequeno grupo de iniciados que descobriram a verdade. Assim, no conforto dessa caverna quentinha, esta Zion particular que a pessoa construiu para si mesma, não há quem a tire. Os pressupostos dela são outros, o diálogo é impossível.

 

Os terraplanismos socialmente aceitos

Mas o problema vai muito além de um fenômeno de pequenos grupos. Esses processos de confusão são usados por grupos de interesse como forma de manipular as massas. Quem acredita que a Terra é plana, não terá problemas em acreditar que o PT roubou 8 TRILHÕES DE REAIS para financiar o comunismo internacional, por exemplo. Ou que não houve ditadura no Brasil, que a escravidão foi benéfica, que homossexualidade é uma doença, que a previdência pública está falida, que é preciso escolher entre empregos ou direitos, que “é muito difícil ser empresário”, que Lênin escreveu um decálogo ensinando a mentir para o povo, que os Beatles eram comunistas, que George Soros é comunista, que o PT é comunista, que cotas são racismo, que não existe feminicídio, nem cultura do estupro, que as universidades possuem laboratórios para produzir anfetaminas etc.… Steve Bannon usou e abusou das teorias de conspiração para manipular o eleitorado estadunidense na eleição de Trump. O mesmo procedimento foi usado na campanha do Brexit e na eleição de Bolsonaro. No entanto, é extremamente simplista atribuir às redes sociais, aos big data etc., a causa única ou principal desses processos.

Manipulação de informação, boatos, negação da Ciência etc., tudo isso sempre existiu. As religiões se construíram em cima da credulidade não raciocinada das pessoas. Do fato de que elas têm acesso a uma “revelação” imutável, que elas são um grupo de “escolhidos”, ao contrário dos outros, os “condenados”. Tudo aquilo que contraria a fé da pessoa é porque vem do diabo, o manipulador, o mentiroso. Deve ser combatido. Se a pessoa se vê pega em contradição, abraça a contradição. Diz que está do lado da Verdade e pronto. A mesma religiosidade que matou Giordano Bruno e encarcerou Galileu hoje insiste em banir o estudo da Evolução das escolas, impede a discussão de gênero, do Big Bang etc.

Além disso, há uma série de crenças pseudocientíficas que são amplamente aceitas e, no máximo, tidas como inofensivas, como astrologia, homeopatia, “cura quântica” etc. Foge ao escopo desse artigo, mas voltarei a elas em outro momento. A questão é que a astrologia é tão bem fundamentada quanto o terraplanismo, mas as pessoas não se chocam da mesma forma. Esse não-combate ao obscurantismo, às charlatanices de toda espécie, ajuda a pavimentar o caminho até onde chegamos.

As universidades também têm muita culpa nesse cartório. A ampla disseminação do nonsense pós-moderno, negando a existência de uma verdade objetiva e descrevendo tudo como apenas um discurso, causou um enorme mal. Sei que a intenção inicial não foi essa, mas agora, como dizer que negacionismo climático, movimentos anti-vacina, terraplanismo, etc não são “opiniões” perfeitamente aceitáveis? Afinal, “a Física é tão rigorosa quanto o vodu”, não é, Feyerabend? Como criticar absurdos como o Escola sem Partido e defender que o aluno precisa de um “Mestre Ignorante”, hein, Rancière?

Então, para encerrar por enquanto, o problema do negacionismo científico não é novo e está dentro de um contexto muito maior. Combatê-lo passa por diversas dimensões. Implica um debate político, psicológico, pedagógico, de comunicação. Uma luta contra as religiões e as pseudociências. Uma luta, enfim, contra o sistema que se utiliza de todas essas formas de alienação para se fortalecer, o capitalismo.

A questão continua a mesma: socialismo ou barbárie. Nessa luta, cabe também à classe trabalhadora defender a Ciência, colocando-a serviço da emancipação da humanidade, a serviço da construção de uma sociedade verdadeiramente livre, uma sociedade socialista. Apenas uma Revolução Socialista é capaz de romper com as cadeias da ignorância. Terrabolistas do mundo inteiro, uni-vos!

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Texto gentilmente cedido pelo companheiro RAPHAEL FURTADO e publicado em 19/12/2019. Para lê-lo na integra clique aqui.

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